22 de setembro de 2009

Fazendo a mala com Bolaño



Porque anda por aí uma certa bolañomania , recupero um excerto do meu diário chileno que me caiu dos dias:


(...) Levo Bolãno na minha mala transatlântica. E porquê Bolaño? Porque depois dos abismos de Vila-Matas que acabo de explorar, este livro é um precipício azul que abre para a nova literatura latino-americana depois do boom do realismo mágico, contrariado pela Rayuela, de Cortázar, de que este romance é, ironicamente, o mais perfeito «contrário». E porque Los Detectives Salvajes é, escreve Vila-Matas, «uma brecha que abre para o mundo infernal de uma geração agrilhoada», a nossa. E porque Bolaño, que já cá não está, ocupa agora a minha «biblioteca do quarto escuro», ao lado de Bioy Casares, um autor do seu universo literário, também aqui hoje chamado para a elaboração deste plano de evasão. E porque quando estiver em Santiago do Chile, irei eu próprio, como um detective selvagem, procurá-lo «na rua Banderas, esquina Ahumada», onde Vila-Matas diz que «parece tê-lo visto observando esse mendigo que ali está sempre e se diz neto de Léon Tolstoi», embora isso seja inverosímil porque àquela data já Bolaño teria ido «embora deste mundo em silêncio».

2 comentários:

  1. Olá, João. Você e o privilégio de confirmar com os pés a veracidade das letras...eu de cá apenas imagino! Estou com dois livros de Bolaño engatilhados nos olhos, porquanto ando lendo também Erico Veríssimo (Israel em Abril) e dois livros de Stanislavski. Vou sonhar com seus pés pisando em Santiago os passos que Bolaño deixou. Abraços!

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  2. É verdade, agradam-me os escritores passeantes. Por isso, às vezes, vou no seu rasto. Amanhã, por exemplo, tomarei um café com Bolaño. Ou será antes um mezcal? Abraço.

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